08 novembro 2010

Fly no mar - Pesca em águas da costa brasileira

Como muitos amigos se interessaram por esta pescaria e sempre me perguntam como ela é, quais o equipamentos mais indicados, dentre outros questionamentos, resolvi dar uma resumida nos principais pontos que julgo importante saber caso queiram experimentar, mas ressalvo que não sou nenhum expert no assunto, sendo as considerações abaixo, objeto de minha experiência pessoal de acordo com o que já vi e vivenciei, só ou em companhia de amigos e parceiros de pesca.


A pesca com mosca em águas costeiras brasileiras é uma pescaria bastante possível de ser realizada e ainda pouco difundida pelo país, ao contrário do que se vê na América Central, na América do Norte e em outros países europeus, como Portugal e Inglaterra.

Embora não tenhamos no Brasil quilômetros de flats de águas transparentes e os peixes marinhos mais “famosos” para a prática do fly (alguns deles até nadam por aqui), por outro lado, temos a possibilidade de capturar em nosso litoral as mais variadas espécies de peixes altamente esportivos como a Cavala, a Sororoca, o Dourado, o Xaréu Olhudo, o Xaréu Branco, Enchovas, Olho de Boi, Pitangolas, Olhetes, Agulhões, Bicudas, Galos de Penacho, Carapaus, Robalos, Pampo Galhudo, Salteira, apenas para citar algumas dentre as inúmeras espécies que certamente, mais cedo ou mais tarde serão capturadas pelo pescador que se dispor a se aventurar em nossa costa. Além do mais, o fator surpresa é uma realidade, uma vez que muitas vezes não sabemos ao certo o que vamos encontrar na frente, mesmo existindo épocas pré definidas para algumas espécies, como a presença de Dourados no verão e Enchovas, Cavalas e Sororocas no inverno.



           


Apesar de não termos ainda um padrão definido de equipamentos, pois não foram tantas as pescarias realizadas, podemos dizer que os equipamentos mais adequados são os de numeração 8 a 10 com linhas sinking para atingir pontos mais profundos ou floating quando há comedoria de cardumes de predadores na superfície, valendo-se de poppers e bangers e outras moscas de superfície como as crease fly. As taxas de afundamento para as linhas sinking mais indicadas variam entre 400 a 500, dependendo da correnteza e profundidade do ponto de pesca, mas com uma de 300 grains já é possível realizar esta pescaria. As varas devem ser de ação rápida ou ultra rápida, com mínimo de 9” e possuir fighting butt. Carretilhas próprias para uso no mar com capacidade para armazenar a linha de fly mais 150 a 200 metros de backing. Todavia, tudo isto não é regra e alguns pescadores inclusive usam equipamentos de numeração mais baixa como 7, tudo vai depender de fatores como o vento, distância de arremesso, correnteza, habilidade do pescador, e por aí vai.

Quanto às moscas, uma infinidade delas podem ser usadas com sucesso, mas, não há dúvidas de que a clouser minnow, a surfcandy e streamers atados com materiais sintéticos por serem mais duráveis (mas nada impede que se use materiais naturais), além das gummy minnow, nas cores chartreuse, verde-limão, pink, azul, roxo, estão entre as prediletas de nossas criaturas marinhas. Match the hatch com base no comedío da época, como manjubas, lulas e sardinhas apresentando ao peixe uma mosca fiel ao seu cardápio também é bastante possível, além de ser uma das essências da pesca com mosca.

Valer-se de equipamentos como sonar e GPS é muito comum e bastante indicado neste tipo de pescaria para facilitar a localização de estruturas submersas e cardumes, no caso do sonar e de “marcar” os pontos no caso do GPS. Alguns modelos ainda permitem que o barco siga um curso determinado, independentemente do comando manual do marinheiro o que facilita ainda mais a pescaria, caso esteja pescando em barco próprio, sem auxílio de um guia.

A pescaria em si é feita arremessando junto à espuma nos costões, sobre estruturas submersas, como parceis, ou objetos flutuantes, como bóias de sinalização, algas, troncos ou pedaços de madeira – que normalmente abrigam microrganismos atratores de pequenos peixes, que por sua vez atrairão peixes predadores -, avistando cardumes atacando na superfície, localizando aves em vôos circulares sobre mesmo local indicando a presença de cardumes de pequenos peixes que também poderão estar sendo empurrados para superfície por peixes predadores, ou, até mesmo, localizando os cardumes de peixes através da técnica de corrico, para depois iniciar os arremessos.




A pescaria é sempre bastante movimentada e não há momentos de descanso ou sem ação, exigindo preparo físico e persistência do pescador, que executará num dia de pesca inúmeros arremessos com equipamento mais parrudo e tendo que se manter equilibrado em cima da lancha em movimento e na maioria das vezes em condição de mar mexido, mas que na maioria das vezes será muito recompensadora.





Lembro, mais uma vez, como disse no início, que tudo isto que é exposto foi objeto de constatação em algumas poucas, mas bem sucedidas pescarias, e não se trata de nenhuma regra ou verdade, mas sim, apenas algumas observações que poderão ajudar e facilitar a vida de algum amigo que queira realizar este tipo de pescaria, que é de verdade, bem legal. Embora pessoas mais velhas não achem. Deve ser coisa da idade ... ou da "experiência".

Caso tenham alguma dúvida ou sugestão, fico à disposição.

5 comentários:

  1. muito legal mesmo....da pra ter uma ideia do que é!!!

    abraço
    willian ros

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  2. Caião,
    morei tanto tempo no litoral e nunca pude fazer uma dessas, mas nem em sonho..hahahaha
    Shoe de bola cara, resumido e completo, e com umas fotos dignas de fundo de tela também!

    Parabéns!

    Abração.

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  3. Show Caio!!!! Comecei a me interessar por esse tipo de pesca depois que li seus relatos no FFB. Nunca deixe de nos trazer informações das suas idas ao mar!
    Abração!!!

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  4. Willian, legal. Pira, vamo que vamos. Keko, Aulo, Vale a pena mesmo. No sul aí em uns lugares bons de Enchova e Olhete no inverno, dourados no verão a rodo. É só ir que rola.

    Abração,

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